Bruna Surfistinha, Sandy e a devassa de folhetim

Sabrina Nobre | Hoje no Cinema

Divulgação

Publicado em 20/03/2011 às 21:57

 

O filme "Bruna Surfistinha" conta a história de Raquel Pacheco, uma rebelde-sem-causa que decidiu ser garota de programa menos pela revolta e mais pelo talento. Filha adotiva de uma família classe média, enfrentou os mesmos conflitos adolescentes que qualquer um. A diferença é que usou isso como um pseudo-pretexto para entrar na prostituição. E, ao longo do filme, isso fica claro quando a vontade de sair dessa nova vida parece ser bem menor que a vontade de entrar. Em entrevista à revista Época, perguntada se culpava alguém por essa opção de vida, Raquel disse sem rodeios: "Todas as minhas decisões partiram de mim. Não precisava virar garota de programa. Mas, aos 17 anos, achei que a prostituição era uma boa opção". Ou seja, apneas o típico dilema dos adolescentes de 17 anos: qual profissão seguir? Direito? Medicina? Biblioteconomia?

 

Eu pensei que o filme seguiria uma linha Cinderela, da menina que sofre um bocado até ser feliz para sempre. Mas, grata surpresa, o filme é bem mais realista. A profissão escolhida por Bruna segue os mesmos caminhos de qualquer outra: ascensão, queda, sofrimento, felicidade, prazer verdadeiro… Em um momento, Bruna diz: "Às vezes, ver que o cliente me desejava valia mais que a grana que ele pagava pelo programa". É a típica satisfação de alguém que exerce a função que gosta.

 
Sandy sempre foi a menininha perfeitinha. Quase virou a nova namoradinha do Brasil. Só não foi de fato porque o Brasil não pediu a mão dela em namoro num jantar formal com a presença da família. Depois de anos cultivando a imaculada imagem de santinha, resolveu revelar suas travessuras de menina má. Pintou o cabelo de loiro, colocou as perninhas de fora e foi ser a musa do Carnaval da cervejaria Devassa. Logo caiu na internet um video de um programa de TV onde ela dizia que não bebia cerveja porque o gosto não a agradava. 
 
Bruna Surfistinha é daquelas mulheres que só dizem sim, mesmo que seja só por uma coisa à toa, uma noitada boa, um cinema ou um botequim. Já Sandy sempre foi daquelas que só dizem não. Mas, por uma renda, aceitou uma prenda, fez as vontades e contou meias verdades. Mas, no dia seguinte, página virada, as travessuras foram descartadas do folhetim. 
 
Bruna, além do dinheiro, fazia porque gostava. Com Sandy não tem esse papo de gostar do que faz. É só pagar que tá valendo…
 

 

Por: Carlos Batalha