O filme "Bruna Surfistinha" conta a história de Raquel Pacheco, uma rebelde-sem-causa que decidiu ser garota de programa menos pela revolta e mais pelo talento. Filha adotiva de uma família classe média, enfrentou os mesmos conflitos adolescentes que qualquer um. A diferença é que usou isso como um pseudo-pretexto para entrar na prostituição. E, ao longo do filme, isso fica claro quando a vontade de sair dessa nova vida parece ser bem menor que a vontade de entrar. Em entrevista à revista Época, perguntada se culpava alguém por essa opção de vida, Raquel disse sem rodeios: "Todas as minhas decisões partiram de mim. Não precisava virar garota de programa. Mas, aos 17 anos, achei que a prostituição era uma boa opção". Ou seja, apneas o típico dilema dos adolescentes de 17 anos: qual profissão seguir? Direito? Medicina? Biblioteconomia?
Eu pensei que o filme seguiria uma linha Cinderela, da menina que sofre um bocado até ser feliz para sempre. Mas, grata surpresa, o filme é bem mais realista. A profissão escolhida por Bruna segue os mesmos caminhos de qualquer outra: ascensão, queda, sofrimento, felicidade, prazer verdadeiro… Em um momento, Bruna diz: "Às vezes, ver que o cliente me desejava valia mais que a grana que ele pagava pelo programa". É a típica satisfação de alguém que exerce a função que gosta.
Por: Carlos Batalha