Gisele, A Mulher Invisível, e o paradoxo da felicidade

Sabrina Nobre | Hoje no Cinema

Divulgação

Publicado em 22/02/2011 às 21:57

O filme "A Mulher Invisível" é divertidíssimo. Selton Mello é Pedro, um cara romântico, amante à moda antiga, daquele que ainda manda flores. Um dia, ao chegar em casa, rosas na mão, ouve da esposa: “Eu quero me separar de você. Você é o melhor homem do mundo. A nossa vida é tranquila, harmônica, calma. E eu tava suficando”.  Surpreendido pelo argumento paradoxal, Pedro pede à esposa que explique melhor, e tem como resposta: “Porque eu queria correr perigo. Porque as mulheres não ficam felizes quando elas estão felizes”. Só resta a Pedro, impotente, dizer: “Eu posso te fazer infeliz se for pra te fazer feliz!”.

 

Essa tal felicidade é uma questão que foi abordada por inúmeros pensadores. Oscar Wilde, escritor inglês, dizia que só há duas tragédias na existência: não conseguir satisfazer todos os desejos, e conseguir satisfazer todos os desejos. Kant disse que a felicidade é "a totalidade das satisfações possíveis". Mas, se posuo tudo e não desejo mais nada, a felicidade vira tédio e passo a desejar sair desse estado. Então, já que tenho um novo desejo, não estou plenamente satisfeito, logo não há mais felicidade. Seria, então, a felicidade impossível?

 

A esposa de Pedro entrou em crise por ter todos os seus desejos satisfeitos. Pedro, abandonado pela esposa, entrou em crise por ter todos os seus desejos não realizados. Mergulhado em depressão, só voltou a ser feliz quando criou novos desejos. Idealizou Amanda, a mulher perfeita, e nela encontrou a felicidade. Linda, inteligente, compreensiva, apaixonada por futebol. A cena acima concentra todos os anseios de Pedro. Ao chegar em casa, dá de cara com a namorada fazendo faxina apenas de lingerie, num misto de mulher fatal e esposa zelosa. Amanda que era mulher de verdade.

 

Na vida real, Gisele Bündchen é a mulher invisível. Linda, jovem, simpática, bem-sucedida, mãe cuidadosa e esposa dedicada. Pelo menos, essa é a parte visível que nos apresentam da mulher invisível. O que mais alguém poderia querer de Gisele?  Que ela limpasse a casa em trajes mínimos cantando Roberto Carlos de uma maneira despretensiosamente sexy? Pois é… eis que surgiu, na semana passada, um suposto vídeo flagrando (?!) Gisele na intimidade de sua casa. E, nada de colocar o filho de castigo, brigar com o marido ou bocejar no sofá com olheiras e touca na cabeça. No momento em que deveria ser imperfeita de maneira comum, ela estava perfeita de maneira incomum. A veracidade do vídeo não interessa. Façamos como Pedro e deixemos o real e o irreal se confundirem.

 

E aí, quando o marido de Gisele abriu a porta devagar, deixando a luz entrar primeiro, será que ele pensou em se separar?